terça-feira, 21 de agosto de 2012

Pra te falar a verdade.


Você se cala, esconde seus gritos, enterra seus sonhos no travesseiro, queima suas boas memórias pra não se desgovernar em nostalgia. Você escolhe um boa roupa, se fantasia de feliz e gladia contra a vida, todos os dias, sem saber os porquês de tanta amargura. Dentro das tuas cicatrizes se refugiam desejos, vontades que o tempo roubou. A insegurança em deixar tudo pra trás é notável, abrangente, e você já está cheio de dor, com medo de lacrimejar pelas paredes congeladas do banheiro outra vez. Você respira fundo, incha-te os pulmões de fôlego, mas não sente a vida dentro de você, habitando o brilho de seus olhos. Na verdade, você vive apenas pra esperar o chamado do fim, a morte, o desfecho, enfim. Nada mais tem sentido ou graça, você se vê no espelho como uma carcaça vazia, sem alma, sem riso, sem brio. Resta-te apenas as noites de lua, pra você se drogar com a noite, embriagar-se de si, rasgar os pulsos com os cacos de estrelas cadentes. Mas logo vem o sono, pra te distanciar um pouco da vida amarga, da angústia rotineira, pra tentar sonhar com algo que seja suave, calmo, longe daqui. E mesmo que venham pesadelos pra ti, serão bem vindos, pois o terror maior, você vive de olhos abertos.

Kassia F.

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