sábado, 25 de fevereiro de 2012
A caixa do marlboro em cima da escrivaninha me chamava muito a atenção, mas até o maldito vício do cigarro me lembrava você. A maldita promessa que fiz, parar de fumar. No entanto você não estava mais ali, só teu cheiro em minhas roupas e tuas risadas doces ecoadas em cada canto das paredes, apenas. Alcancei a caixa e a abri, um cigarro, um maldito e miserável cigarro, apenas um. Eu esperava que ele saciasse minha dor de te ver indo, sem conseguir te puxar de volta. Abri a escrivaninha e peguei o esqueiro que, por merda de vida, você havia me dado, o olhei, o admirei e o virei de cabeça para baixo: nossas iniciais ali. Dei um tranco, voltando para o cigarro, fitando-o como se ele fosse a ultima coisa no mundo e como se eu o desejasse mais que tudo. Acendi e traguei. O gosto da dor desceu pela minha gargante e eu grunhi. Que merda de cigarro era aquele, tinha que ter gosto de menta e não esse gosto maldito de como se algo estivesse doendo no meu peito. - eu não podia escapar, algo estava doendo muito em meu peito, mas não era necessário lembrar - Me deitei na cama e dei mais uma tragada. O gosto foi adocicando, e o cigarro foi saciando a dor, - ou assim eu queria e pensava - dei a terceira tragada e as gotas da chuva bateram na janela, molhando todo o chão. Levantei-me e corri para fecha-la. O vento gélido fez com que a dor voltasse e o cigarro se apagasse. Mas que merda. Deitei na cama rapidamente, indo em direção a escrivaninha, para pegar o esqueiro. Revirei a maldita escrivaninha toda e o esqueiro já não se encontrava mais lá. Intriguei-me, onde eu havia colocado aquela maldita lembrança? Era a unica que eu havia deixado comigo, era a que eu mais gostava, tinha suas iniciais, e era de sua cor predileta, o maldito roxo. Debrucei-me para debaixo da cama. Roupas, sapatos, papéis e… papéis, voltei-me a olhar para um pequeno papel de cor verde que estava jogado em baixo da cama. Era pequeno e suas palavras eram de uma caligrafia linda, no entanto acho que a pessoa estava tremula. Machas arredondas se encontravam por toda parte do pequeno papelzinho. Coloquei o papel em cima da cama e voltar a olhar debaixo dela. Ah! Encontrei você seu maldito esqueiro filho da puta. Segurei ele em minhas mãos bem forte e voltei a acender o cigarro. Tentativa a toa, a porcaria do vício me deixara na mão, assim como você. Dei um soco no colchão e o pequeno papel voou e então foi caindo, devagar, suave e de forma intrigante. O peguei e o abri de novo, agora prestando atenção nas palavras: “Engraçado não? Enquanto eu ria você chorava e me fazia rir entre as lágrimas também, e todo aquele maldito amor tão imperfeito acabou. Sinto sua falta, pena que não sentes a minha, não veio atrás, não pediu para que eu ficasse, apenas virou as costas e foi, me deixando apenas a saudade como lembrança.” Senti uma lágrima tentando escapar de meus olhos e a repreendi no mesmo instante. Se soubesses que sinto sua falta, mas a dor não deixas nem eu me levantar da cama… Se soubesses, se me atendesses, ah, se […]
Autora; Kássia fidelis'
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